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Este fim de semana, dediquei um tempinho para fazer algumas compras já para o Natal. Não por se tratar da black friday, mas porque já tinha destinado uma horinha para ir ao centro comercial por um outro motivo e aproveitava para espreitar e escolher já alguns presentes.
Soube-me bem este passeio sozinha... ver lojas, passear pelos corredores enfeitados pelas luzes de Natal, parar e beber um café com calma... sentia falta disto. Não das compras em si, mas deste bocadinho só meu em que me lembrei que também sou mulher e que ainda gosto de ver roupas, malas e sapatos, embora as minhas compras estejam muito mais conscientes.
Contudo ainda no fim de semana, li alguns posts em blogs sobre este assunto da moda e do minimalismo... imagens e casas imaculadamente brancas, onde se respira tranquilidade, decoração nordica, conceitos de armário capsula com 30 peças (num dos blogs, em cada peça estava o link da loja com um código promocional... mas isso são contas de um outro rosário)... Parei de ler, olhei o caos que estava a minha sala, os brinquedos espalhados da minha filha e pus-me mesmo a pensar se o minimalismo era mesmo o que estava ali naquelas linhas que eu ia lendo.
Apesar de ter a minha casa num caos cheio de tralha para arrumar como já aqui disse e de ter um armário com muito mais peças do que as 30 ou 45 do tão aclamado armário cápsula, eu considero-me, com toda a honestidade, uma pessoa minimalista.
(vou esperar uns segundos para que consigam parar de rir e recuperem o folego...)
Ora bem... para mim o minimalismo vai além de ter apenas um prato para cada pessoa que viva lá em casa; um armário com apenas um par de cuecas para cada dia da semana e uma decoração imaculadamente branca, com moveis sem nada em cima a não ser a mera da plantinha.
A minha casa está cheia de moveis, de louças, brinquedos e outras coisas tantas, mas considero-a minimalista, porque não tenho nada a mais do que aquilo que uso. E para mim, o verdadeiro conceito de minimalismo é este: termos o que usamos e usarmos o temos. Eu uso aquelas louças e a minha filha brinca com aqueles brinquedos. Deitar os meus moveis fora para ir comprar uns brancos ao Ikea mais próximo ou descartar coisas em bom estado, não é minimalismo mas sim desperdicio.
Há uns dias, uma amiga minha (fervorosa adepta do minimalismo), dizia-me que ia comprar um conjunto de chávenas de café para colocar ao lado da máquina no seu chamado 'cantinho do café'. Sabendo eu que ela tinha outras chávenas de café e até bem giras perguntei-lhe porque é que ia ter esse gasto... porque quero umas brancas, minimalistas e estas coloridas não servem esse propósito. Eu considero-me minimalista, porque teria usado as que já tinha e estavam em bom estado...
Hoje vou dar um jantar em casa, e vou usar as minhas loiças, porque gosto de ter uma mesa bonita e não vejo em como é que isso vai contra os tais ideais do minimalismo. Eu não vou comprar mais coisas para guardar em casa... vou usar o que tenho.
Eu considero-me minimalista, quando agradeço todos os dias pelas coisas boas que tenho, em vez de andar sempre a ansiar pelo que não tenho, como se ter as coisas dependesse a minha felicidade. Sou minimalista quando aproveito as luzes de Natal e o sol de Outono para passear pela cidade com a minha filha. Quando aproveito eventos gratuitos para ir com ela. Quando ficamos em casa nas tardes de chuva a brincar com todos aqueles brinquedos... como fizemos no fim de semana.