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Outro dia

Outro dia

03
Ago18

Gratidão

Bast

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2018 está a ser um ano do caraças. A sério.

Ela está a crescer demasiado rápido, mas tão bem e tão linda que todos os dias são agora uma festa. E eu só sei estar cada dia mais grata.
Iniciei um projecto profissional novo que está a correr muito bem e avistam-se ainda mais projectos novos. Fiz formações novas, entre as quais uma que há já imenso tempo pensava fazer - este ano foi o ano. Resolvi não adiar mais, e esta minha postura, aliada à gratidão muda tudo. Conheci muita gente nova e interessante, de áreas completamente diferentes da minha e adorei a experiência.
Ausentei-me uma semana inteira em trabalho deixando a bebé com o pai e a avó... isto foi um desafio muito, mas mesmo muito dificil, só que ao mesmo tempo muito importante por me fazer ver que não sou só mãe. E que ao contrário da maioria das vozes sentenciadoras, ser mãe nunca implicou deixar de fazer nada (ainda que as coisas não sejam feitas com o mesmo ânimo leve de antes).
2018 pouco passou da metade e eu já estou de coração cheio pelo balanço até aqui. Vem ainda o primeiro aniversário da pequena, projectos novos que, como já disse, estão a ser traçados, problemas que vejo finalmente serem resolvidos... 2018 está a ser uma lufada de ar fresco ao fim de alguns tempos que foram muito dificeis... E isso é tão bom.
02
Ago18

Do SNS

Bast

Não vou estar com ondas e dizer que o serviço de saúde publico é mau ou bom. Quem me conhece sabe que raramente recorri aos serviços privados porque efectivamente me calhou em sorte uma médica e enfermeira de familia que são excelentes profissionais e nunca, mas nunca mesmo me fizeram sentir desacompanhada. São agora elas que também acompanham a minha filha e apesar de, por descargo de consciência a ter levado a um pediatra privado (que foi um amor, diga-se de passagem), não senti qualquer diferença entre uma consulta e outra. 

Já na gravidez fui seguida no publico e foi lá que ela nasceu. De toda a equipa só tenho coisas boas a dizer... as instalações? Verdade que o hospital que escolhi não é o melhor nesses termos, mas para mim isso é secundário: eu queria que ela nascesse rodeada de cuidados essenciais e bons profissionais, não queria ir para um hotel. Correu tudo lindamente e o parto durou uma meia horinha, sem dor e cheio de coisas boas e engraçadas para contar, sem nunca se ter descurado o cuidado e profissionalismo de toda a equipa que esteve connosco. 

O problema? É que tenho plena consciência de que sou uma excepção quando deveria ser a regra.

Lembro-me que na altura da gravidez, num dos dias em que havia consulta, havia também greve dos administrativos do hospital. A minha médica apareceu, pegou nos processos dos doentes dela e disse para a administrativa que estava de serviço que ia começar a chamar. Uma outra aparece e diz à mesma menina da secretaria: ''Escusa de me marcar mais consultas, que eu não tenho quem me leve os processos e não vou ser eu a carrega-los!''

(Atenção, eu até sei que o objectivo da greve é causar o caos e fazer com que se sinta a falta dos profissionais envolvidos e com isso se lhes reconheça a sua importância, mas havia lá casos que precisavam mesmo de consulta, não a podiam adiar. Deixar de fazer o nosso trabalho porque nos custa levantar o cu da cadeira para pegar numa pasta na sala ao lado é algo que me custa a entender). 

Numa outra altura, greve de enfermeiros... muitas grávidas a ser mandadas embora porque o enfermeiro não estava para pesar e fazer a consulta antes da médica. Se fosse um caso em que deveria ser feito o ctg eu até entenderia... os médicos não se podem desdobrar e chegar para tudo, a ajuda do enfermeiro para pôr as Sras a fazer o exame é essencial... mas a minha médica apareceu e fez-me a consulta. Afinal de contas ela tem medidor de tensões e balança no consultório, eu ainda não precisava do ctg... 

No meu trabalho, todos os dias, faço mais do que me cabe e do que é a minha função. Nunca me cairam as calças e sinceramente aquela mente do ''eu não faço porque não é o meu trabalho' é coisa que me custa um pouco a entrar. 

Isto tudo porque entretanto a minha irmã partiu a mão. Recorreu às urgências do hospital publico mais próximo, numa quinta-feira às 10h da manhã. Aguardou que o médico a chamasse até às 14h para pedir um raio-x. Depois aguardou pelo raio-x até às 17h. Sem comer nada durante todo aquele tempo. Depois aguardou de novo para que outro médico (os turnos mudam entretanto e é normal) a chamasse para ver o raio-x. Eram 22h a passar.

O ideal era operar. Teria que ser internada e aguardava que o pessoal das urgências conseguisse uma vaga para o fazerem. Veio então a sexta-feira. E o sábado... e depois o domingo quando finalmente um médico teve tempo para a ver e lhe dar alta porque afinal de contas não precisava de ser operada.... 

As consultas posteriores também têm sido uma odisseia... desde o raio-x que não é marcado e por isso vem-se embora e aguarda por nova consulta e outros que tais... 

A questão é que aqui, o nosso dinheiro vai sendo gasto nestes serviços e para nada... Quando falamos da falta de dinheiro na saúde (que eu acredito que também haja), não deveriamos antes falar na má gestão do mesmo? O médico que a mandou embora porque ela não fez raio-x (porque alguém se esqueceu de marcar) vai receber pela consulta... o hospital teve gastos com os 3 dias de internamento que ela lá fez para afinal vir para casa sem cirurgia... 

Não sei... sei apenas que sou uma sortuda, só por ser tratada como qualquer outra pessoa deveria ser e isso é que é triste. Embora eu não deixe de estar grata... 

(Nota para enaltecer a paciência da minha irmã, que se fosse eu no meio disto tudo, já me tinha passado... )

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